“Estão olhando para os pequeninos” diz agricultora depois de assinatura de convênio no Assentamento Chico Mendes III

Thales Kirion

Um lugar simples de chão de terra batida que guarda em sua estrutura pessoas de valor. Gente que luta diariamente pela sobrevivência e com dignidade põem o pão na mesa. Assim são os moradores do Assentamento Chico Mendes III, em Paudalho.

A Prefeitura da cidade tem o compromisso de promover ações que ajudem e dignifiquem os munícipes não importando onde eles estejam, se na Zona Rural ou no centro da cidade. E como exemplo disso, nesta quinta-feira (4), o prefeito Marcelo Gouveia com uma comitiva de secretários e autoridades foi até o assentamento para a assinatura de um convênio entre a gestão e a comunidade. O pacto vai concluir o prédio da sede da Associação e ainda oferecerá aos agricultores o ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Foto: Isak de Castro/PMP

Foto: Isak de Castro/PMP

Não é sonho, é realidade

A agricultora Maria do Bocão é presidente da associação do Assentamento Chico Mendes III. Líder e mulher forte, Maria é um dos exemplos das paudalhenses que lutam pela sobrevivência. Carrega nos olhos e nas mãos as marcas do trabalho que tem orgulho. Emocionada, a agricultora agradeceu a gestão pela a ação no local e ainda felicitou o governo por outro serviço implantado no assentamento. “Estou muito feliz em receber toda a equipe da Prefeitura. E quero agradecer também pela iluminação que o secretário de Obras mandou colocar. Tudo o que se vem fazendo aqui, por tudo o que a gestão está fazendo por nós e por todos os paudalhenses. Quero dizer, prefeito, que fiquei muito feliz quando me disseram que no hospital está fazendo o exame que entra no “tubo” (tomografia). Eu disse: “é mentira”. Porque aquele exame é muito caro e ninguém vai trazer para aqui não. Ai eu fui lá no hospital e perguntei: “moça é verdade que aqui estão fazendo o exame que entra no “tubo?”. Ela disse: “É!”. Aí eu comemorei e disse: “Viva o Prefeito”. Estão olhando para os pequeninos de Paudalho”, finalizou.

Foto: Isak de Castro/PMP

Nova sede e mais nenhum analfabeto

A atual sede da Associação é um local pequeno e de taipa. Uma estrutura foi levantada pelos moradores e com a assinatura do convenio ela será reconstruída e abrigará as aulas para a comunidade. Visivelmente feliz com o momento, o Prefeito Marcelo Gouveia lembrou que recebeu uma comissão do local que pediu algumas medidas na localidade. O prefeito falou da alegria de conseguir levar educação para o assentamento. “Se Deus quiser a partir desse ano a gente vai estar com essa obra concluída e com jovens adultos estudando aqui na associação. Eu disse a dona Maria que mesmo que tivesse 20 pessoas eu colocaria um professor e não vai ter mais ninguém analfabeto”, comentou.

Foto: Isak de Castro/PMP

Sincero, o prefeito ainda destacou que é necessário a empatia na hora de governar. “Não adianta eu mentir para vocês e dizer que eu nasci no meio dos agricultores rurais. Mas, não é porque eu não nasci no meio dos trabalhadores rurais que eu não sou sensível as causas dos trabalhadores dessa categoria. Há muitos anos que eu “namoro” o sindicato, porque eu admirava o trabalho de Luiz Carlos, de seu Daniel, de Ceça… É um trabalho muito importante. Estou muito feliz com essa proximidade e só quem tem a ganhar é o homem do campo. Quero dizer que as portas da Prefeitura estão abertas para o trabalhador rural”, comemorou o momento.

História de Lutas e Conquistas

O secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Meio Ambiente, Josimario Márques, parabenizou os moradores pelo processo histórico de luta no local. “Isso tudo foi fruto de muita luta, muita retirada, vai e volta e resistência. Isso é maravilhoso. Hoje aqui é uma área produtiva. Vale a pena a gente lutar, vale a pena a gente construir algo de forma coletiva. Se o campo não planta, a cidade não janta”, disse.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Luiz Carlos, o grande propósito da ação é proporcionar o bem-estar da população e comentou que ficou impressionado com a agilidade da gestão. “Essas ações vão melhorar as condições de vida aqui do Chico Mendes, esse é o grande propósito. O que me impressiona ainda mais nessa atitude de Marcelo e toda sua equipe é o compromisso e, sobretudo, a rapidez que estão sendo introduzidas as ações. Converso com o secretário Gustavo em um dia e à noite a resposta já chega, isso é muito bom”, detalhou.

Cerca de 30 pessoas entre jovens e adultos vão receber o ensino pelo EJA. O secretário de Educação, Ednaldo Ernesto, também emocionado falou sobre o convênio que vai mudar a vida dos moradores analfabetos do local. Em seu relato ele comentou sua identificação com os trabalhadores rurais. Ouça:

Quem foi Chico Mendes ?

Nascido em Xarupi, no estado do Acre, em 15 de dezembro de 1944, o seringueiro Chico Mendes foi uma das figuras mais importantes no ativismo político e ambientalista no Brasil. Lutou pelos seringueiros da Bacia Amazônica, que dependiam da preservação da floresta e das seringueiras nativas para sobreviver. Chico Mendes aprendeu a ler aos 16 anos e depois disso começou a perceber as injustiças sociais vividas pelos seus semelhantes.

Em 1975 fez parte da diretoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia, o primeiro criado no Acre, presidido pelo combativo líder Wilson Pinheiro. Foram inúmeros os seus feitos e, por isso, entre 1987 e 1988 Chico Mendes ganhou o Global 500, prêmio da ONU, na Inglaterra, e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos e deu entrevistas aos principais jornais do mundo. Jornalistas e pesquisadores o visitaram nos seringais e difundiram suas ideias pelo planeta. Mas, por ter se tornado uma grande figura no combate ao desmatamento, alguns fazendeiros começaram a persegui-lo. Em 22 de dezembro de 1988, em uma emboscada nos fundos de sua casa, ele foi assassinado a mando de Darly Alves, grileiro de terras com história de violência em vários lugares do Brasil.

Chico Mendes com a esposa Ilzamar.
Foto: Reprodução Internet

O que é um assentamento ?

Pode ser enxergado como a criação de novas unidades de produção agrícola por intermédio de políticas governamentais, objetivando o reordenamento do uso da terra ou a busca de novos padrões sociais na organização do processo de produção agrícola.

 

Com informações do site Memorial Chico Mendes.